Destino navegante, lembras do vento?
Inerte
ao
som
das
palavras e a expressão
dos
sentidos.
Nada mais possui,
somente ilusões
Jack (Essa é a outra das únicas dessa existência)
segunda-feira, agosto 15, 2005
“Blues” do exílio
Esse foi meu primeiro texto, finalmente achei, escrito em meados de 1997...
A ilustração fiz recentemente.
Demorei algum tempo até convencer-me de que eram realmente batidas na porta. Já faziam aproximadamente três anos que não escutava batidas tão reais em uma porta, as únicas que vinha escutando eram as dos filmes de suspense que assistia sem nenhuma periodicidade. Levantei-me rapidamente da poltrona, deixando ao chão “Dante”. Dirigi-me até à porta e antes de tocá-la, ela se abriu. O que via era um homem de rosto fino e barbicha pontuda, vestindo um terno preto e com uma gaita prateada nas mãos, e o que escutava era o mais antigo “Blues” à Mississipi que já ouvira antes. A música paralisou meus sentidos por alguns instantes, deixando um ar pesado no ambiente, sem que pudesse tomar nenhuma atitude. Muito antes do que esperava o homem proferiu algumas palavras:
- Acha que estás sozinho no mundo? Sente-se feliz?
Sem pensar respondi que já não tinha mais certeza a não ser que fosse apenas uma visão, pois os anos solitários poderiam ter me levado a insanidade. Foi neste exato momento que sentou em minha poltrona e começou a falar:
- Como és pretensioso rapaz, está a tantos anos solitário e ainda duvidas, mesmo vendo-me, de minha existência. Estou aqui para dizer-lhe que este é seu inferno, ao contrário do que pensas, e fostes condenado a solidão eterna. As pessoas não desapareceram e sim vivem suas vidas normalmente, só que em outro plano de existência, ou seja, elas não podem vê-lo e muito menos você a elas. Pense como quiser, eu chamo isto de exílio eterno. Foi seu materialismo exagerado e sua falta de amor que o levaram a isto, agora viverás eternamente na luxúria material e na eterna solidão espiritual; gostas?
Reuni todas as forças que ainda me restavam e perguntei-lhe quem era, como se isto ajudasse em alguma coisa. Mas ele respondeu, antes de passar pela porta, tocando sua gaita de boca com um sorriso extremamente sarcástico estampado no rosto:
- Um amigo rapaz, apenas um amigo... Depois de tudo acabar, a única coisa que ainda restava no ar era sua música, e como era maravilhosa...
A ilustração fiz recentemente.
Demorei algum tempo até convencer-me de que eram realmente batidas na porta. Já faziam aproximadamente três anos que não escutava batidas tão reais em uma porta, as únicas que vinha escutando eram as dos filmes de suspense que assistia sem nenhuma periodicidade. Levantei-me rapidamente da poltrona, deixando ao chão “Dante”. Dirigi-me até à porta e antes de tocá-la, ela se abriu. O que via era um homem de rosto fino e barbicha pontuda, vestindo um terno preto e com uma gaita prateada nas mãos, e o que escutava era o mais antigo “Blues” à Mississipi que já ouvira antes. A música paralisou meus sentidos por alguns instantes, deixando um ar pesado no ambiente, sem que pudesse tomar nenhuma atitude. Muito antes do que esperava o homem proferiu algumas palavras:
- Acha que estás sozinho no mundo? Sente-se feliz?
Sem pensar respondi que já não tinha mais certeza a não ser que fosse apenas uma visão, pois os anos solitários poderiam ter me levado a insanidade. Foi neste exato momento que sentou em minha poltrona e começou a falar:
- Como és pretensioso rapaz, está a tantos anos solitário e ainda duvidas, mesmo vendo-me, de minha existência. Estou aqui para dizer-lhe que este é seu inferno, ao contrário do que pensas, e fostes condenado a solidão eterna. As pessoas não desapareceram e sim vivem suas vidas normalmente, só que em outro plano de existência, ou seja, elas não podem vê-lo e muito menos você a elas. Pense como quiser, eu chamo isto de exílio eterno. Foi seu materialismo exagerado e sua falta de amor que o levaram a isto, agora viverás eternamente na luxúria material e na eterna solidão espiritual; gostas?
Reuni todas as forças que ainda me restavam e perguntei-lhe quem era, como se isto ajudasse em alguma coisa. Mas ele respondeu, antes de passar pela porta, tocando sua gaita de boca com um sorriso extremamente sarcástico estampado no rosto:
- Um amigo rapaz, apenas um amigo... Depois de tudo acabar, a única coisa que ainda restava no ar era sua música, e como era maravilhosa...